terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bilhetes na madrugada


Ela se espreguiçava, se esticava todinha e sorria. Apoiada naquele balcão sujo, servindo o próprio corpo em troca de algum dinheiro. Essa era Sandra, ou como era conhecida na região, Sandrinha. Lábios carnudos, olhos penetrantes e longo cabelo cacheado. Seios fartos, belas pernas e uma bunda deliciosa. Sandra, Sandrinha, meu amor.

Tolo, idiota, otário, esses eram os apelidos que havia recebido de meus amigos. Não discordei nenhum momento, se apaixonar por uma mulher da vida não é aconselhável. Saber que outros passeiam pelo corpo de minha pequena me dói. Queria tirar Sandrinha dessa vida, já falei pra ela que eu coloco casa e até uso anel. Sandra não quer, ela gosta da promiscuidade, gosta de ser desejada por todos os homens, gosta de sexo. Acho que Sandra é ninfomaníaca.

Tô aqui há uns 20 minutos com cara de idiota olhando pra ela e escrevendo numa porcaria de bloquinho. Ela não parou um instante. Já falou com todos os homens do bar, trocou uma caralhada de telefones, já empinou a bunda apoiada no balcão e já arrancou dinheiro de muitos. Ela é foda. Ela é linda, uma deusa e não é minha. Por que você faz assim comigo, Sandra?  Logo eu, que era o seu “melhor cliente”...

Edu.

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Edu, não sei se você conseguiria me entender. Tô te vendo sentado com cara de idiota e escrevendo. Já fiz uma boa grana hoje e estou só esperando você me chamar pra fechar a noite. Eu só quero sexo e dinheiro, nada mais. Pare de me mandar bilhetinhos durante o meu expediente, você sabe que o Marcão é bravo e não gosta dessas intimidades. Se quiser, vou fazer um precinho camarada pra você, 50 “pilas” a hora.

Sandrinha.
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Edu, mais um bilhetinho pra Sandrinha no meio do expediente dela e eu te apago.

Marcão.

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