sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Boa sorte!


A vida é cruel. Essa deveria ser a primeira frase aprendida e propagada por uma criança, deveria ser a primeira matéria de introdução ao ensino fundamental, deveria vir estampada em todos os jornais e revistas. Tudo o que um dia foi belo, se acaba. Se torna feio. Morre. Tudo o que um dia foi bom, se torna maléfico. Fica amargo. Apodrece. Nossa história, tão bela era, se tornou pesadelo. Acabou com nós dois. Ruiu. Agora somos duas peças que se encaixam e que decidem, por excesso de amor e falta de esperança, não se encaixarem nunca mais. O que eu sinto, já nem me incomoda mais, o que me incomoda são as memórias tão boas que não consigo apagar. Essas memórias me enlouquecem, louca como sou, você já imagina onde isso vai dar, certo? Chegar ao fim da linha é mais rápido do que parece, a vida é como uma rampa íngreme onde deslizamos sem parar em direção ao precipício. Aí vou eu.





Te desejo boa sorte. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Doze badaladas, hora de voltar

Quando eu era criança, eu tinha inúmeros filmes de princesas e histórias encantadas, mas uma, em especial, sempre me chamou mais atenção: Cinderella. O conceito de gata-borralheira sempre me encheu os olhos, imaginava o dia que minha vida iria virar um conto de fadas como foi pra ela. Imaginava o dia em que iria encontrar meu príncipe encantado em um baile mágico. De fato, isso aconteceu. Encontrei meu suposto príncipe no Carnaval e nosso baile durou quase dois anos, mas, assim como na história de Cinderella, parece que o relógio finalmente marcou meia noite e já está na hora de voltar pra casa. Corro desesperadamente pra longe do que estou sentindo, corro pra longe dele e corro pra longe de mim. Minha carruagem já virou abóbora, meu vestido se rasgou inteiro e meu sapatinho de cristal ficou pelo caminho. Talvez o sapato seja a única ligação que temos ainda, o sapato é o último suspiro, a última tentativa de nos encontrarmos mais uma vez, de nos encontrarmos nesse emaranhado de amor, dor e problemas infinitos. O sapato é a chance que dei para nós e ela está nas mãos dele. Talvez ele me procure pelos quatro cantos do mundo, como foi na história original. Talvez ele me procure nele mesmo. Talvez ele me procure onde ele sabe que eu sempre estou. Mas, talvez, ele prefira entregar o sapato para outra. Quantas não cortariam os dedos dos pés para me substituir? Quantas? Eu acho que todas fariam. Ou a grande maioria. Uma vez eu disse que ele era um diamante bruto e é verdade. Só basta cair em mãos certas para que se torne uma linda joia. E eu? Eu, meu caro leitor, volto a ser poeira humana, volto a buscar o real sentindo da vida, volto a lavar e cozinhar, afinal, sou apenas mais uma gata-borralheira. Princesas são modelos cruéis da perfeição e contos de fadas não existem. Não mais. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dor, lágrimas e morte, não tem nada de belo por aqui

Um dia, meu deserto congelou. Minhas lágrimas cortam minha pele como ácido. Meu coração dói como se realmente estivesse partido. O cupido me pegou, acho que ele me matou, maldito sejam os querubins. Eu sei que não sou perfeita, eu nunca quis ser... Sempre me cobraram isso e acho que minha maior frustração é não ter conseguido. Me desculpa se minha paixão te sufoca, se meu amor te prende, me desculpa, meu bem. Eu não quero ser assim, eu não quero mais viver desse jeito. Eu sou o ser errante mais errado que podia ter cruzado teu caminho, eu sou louca, eu sou estranha, eu sou uma merda de uma miserável. Minhas mãos tremem, meus olhos estão embaçados, minha voz já se foi. Não é cena, não é drama, não é nada do que você pensa que é. Eu sou fraca e meu choro é apenas a confirmação desse fato. Você sabe como me fazer feliz, mas você também sabe como me fazer desejar a morte. Será que eu deveria fechar meus olhos e orar? Acho que eu quero fechar meus olhos e dormir. Pra sempre.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Novo Testamento

Sempre tive medo de lugares apertados, de ruas sem saída, de janelas com grades. Correntes? Apenas para bicicletas. Algemas? Policiais. Jaulas? Nem pra bicho. É engraçado ouvir você me dizer que sou obsessiva. Eu confesso meu crime! Os muitos anos que fui religiosa me transformaram na pessoa mais sem fé que conheço, mas virei tua devota, depositei o que restava da minha crença em ti e te canonizei. Soa dramático e exagerado? Você  sabe... Drama e exagero são partes inseparáveis da minha personalidade. Eu sei que teu tempo não é só meu, mas se eu pudesse... Ah! Se eu pudesse, meu amor, eu quebraria todos os relógios, eu desmarcaria todos os nossos compromissos e seria a pessoa mais egoísta do mundo. Te ter por mais alguns minutos limparia minha consciência e absolveria meus pecados. 

Minhas asas foram cortadas. Minhas mãos amarradas. Ando precisando de lobotomia. Talvez um exorcista ou um padre, muitas vezes não sei se isso é demoníaco ou divino, sei que é puro, puramente ruim e puramente belo. Se existe um purgatório, que tenham piedade de mim e me deixem por lá mesmo! Anjos e demônios não conversam com almas perdidas. Almas perdidas estão ocupadas demais, andando sozinhas e procurando caminhos. Não me entenda mal, já achei minha companhia e meu caminho, mas continuo perdida. 

Perdidamente entregue à ti, monsenhor.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Metamorfose Inversa

Certo dia, eu acordei e percebi que as coisas estavam diferentes. Eu já sabia, só não queria admitir, não queria acreditar que as coisas iriam chegar nesse ponto. Lembro das lágrimas que rolavam pelas minhas bochechas, lágrimas salgadas que sempre vinham acompanhadas de um sorriso... Lágrimas de felicidade que foram se amargando com o tempo, que sofreram uma éspecie de metamorfose inversa: de linda borboleta para uma simples lagarta rastejante. Sinto essas lágrimas rolarem e vejo que você já se foi da minha vida. Sinto que meu amor foi junto com você. Ainda estamos juntos, mas só fisicamente. Acho que a pior maneira de perder alguém é ainda estando perto e é negando o que já aconteceu. Já aconteceu, meu amor e me dói demais saber que as chances de retorno são as menores possíveis. Eu já não te amo como te amei um dia. Eu já não tenho mais forças pra lutar por nós, eu não estou nessa sozinha e você.... Bem, você deveria ligar, mas temos formas diferentes de amar. Namoros deveriam ter prazo de validade, ao menos eu saberia a hora de me preparar pra sofrer, eu saberia a hora de me desapegar e  saberia, principalmente, como conviver com essa dor. Eu ainda sou muito nova pra morrer de amor.