Noite qualquer, em um fim de semana qualquer, em uma boate
qualquer. Perdido entre as luzes e cansado pela semana, ia se desvencilhando do
mundo... Copo a copo. Mas não estava sozinho... Ninguém está.
Ela sorria, ela encarava, ela se contorcia. Era seu pequeno
espetáculo, sua apresentação jamais ensaiada e mal ela sabia que havia plateia.
E a plateia estava sedenta por seus movimentos, sedenta por seu mistério não
tão misterioso assim. Batom vermelho, cabelos livres, vestido curto. Era o
combo perfeito para que todos a olhassem. Todos não, apenas ele conseguia
enxergar algo além... Algo além da menina do sorriso largo. Alguns podem
entender mal, mas ela só queria se divertir e sua diversão era caçar. Caçar um
calor, quiçá um amor. Lançava olhares para todos do recinto, dançava com todos
que se aproximavam, todos queriam saber quem era a menina do sorriso largo,
qual nome tal “divindade” carregava e o quão quente ela poderia ser.
Ela caminhou sorridente até o bar aonde as esperanças iam se
perdendo em copos de uísque. Sorriu para ele que respondeu carinhosamente lhe
oferecendo uma bebida. A menina do sorriso largo fez o que fazia de melhor e
sorriu, aceitando o convite. Beberam juntos, riram juntos, se olharam e ao fim,
se desejaram juntos. Ele, como todo bom galanteador, partiu para o segundo
passo e perguntou se ela não gostaria de conversar em um lugar mais reservado.
É claro que ela queria, já tinha conseguido sua presa, já tinha conseguido seu
calor.
Saíram juntos do
local que chegaram separados e caminharam até um carro. Ele não agiu de maneira
educada, não naquela noite, e pouco se importou em abrir a porta pra ela. Ela
também não ligava, era diferente demais pra se prender a poucas coisas. Em
pouco tempo de conversa, marcas de batom já se prendiam ao seu pescoço e fios
de cabelo iam caindo ao serem puxados. Estava tudo caminhando de maneira certa
para os dois. Conforto era uma palavra que se perdera no meio do caminho, ou
melhor dizendo, no meio dos botões da camisa.
Ela perguntou se ele não queria ir a um lugar melhor e ele
aceitou a proposta. Dirigiram até o apartamento dela, trocando carícias e
olhares tão penetrantes que pareciam rajadas de calor partindo de uma escuridão
sem fim. Chegaram e rapidamente subiram dispostos a exporem os desejos que
estavam sendo contidos desde os largos sorrisos no bar. Ela o levou a seu
quarto e pediu que ele esperasse. Saiu em disparada pro banheiro e ele não
entendia o porquê de tanto mistério, mas estava gostando tanto que pouco se
importou. Tratou logo de se despir e esperar sua “musa” retornar, e ela
retornou, nua, mostrando cada pedacinho da coisa que mais lhe excitava. Não,
não estamos falando de partes íntimas e sim de pele. Sim, pele. Aquela pele
macia e com cheiro de baunilha o fazia delirar. Era como tocar o Paraíso e ter
a sensação de ser tocado pelo mesmo. Sem mais rodeios, ela partiu pra cima e
consumiu o resto de energia que ele tinha guardado durante a semana.
Suor, gemidos, baunilha... Ele agradecia por ter saído pra
beber. Ela agradecia por não ter ido dormir sozinha. Adormeceram juntos, mas
acordaram separados. Ele já partira quando os primeiros raios de Sol tocaram o
rosto dela e ela sorriu por dentro, esperançosa. Ao chegar em casa, ele notou
algo diferente em seu bolso. Lá estava o que ele não esperava encontrar.
“8734-9084, volte quando quiser. Anna.”
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