quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Menina do Sorriso Largo


Noite qualquer, em um fim de semana qualquer, em uma boate qualquer. Perdido entre as luzes e cansado pela semana, ia se desvencilhando do mundo... Copo a copo. Mas não estava sozinho... Ninguém está.

Ela sorria, ela encarava, ela se contorcia. Era seu pequeno espetáculo, sua apresentação jamais ensaiada e mal ela sabia que havia plateia. E a plateia estava sedenta por seus movimentos, sedenta por seu mistério não tão misterioso assim. Batom vermelho, cabelos livres, vestido curto. Era o combo perfeito para que todos a olhassem. Todos não, apenas ele conseguia enxergar algo além... Algo além da menina do sorriso largo. Alguns podem entender mal, mas ela só queria se divertir e sua diversão era caçar. Caçar um calor, quiçá um amor. Lançava olhares para todos do recinto, dançava com todos que se aproximavam, todos queriam saber quem era a menina do sorriso largo, qual nome tal “divindade” carregava e o quão quente ela poderia ser.

Ela caminhou sorridente até o bar aonde as esperanças iam se perdendo em copos de uísque. Sorriu para ele que respondeu carinhosamente lhe oferecendo uma bebida. A menina do sorriso largo fez o que fazia de melhor e sorriu, aceitando o convite. Beberam juntos, riram juntos, se olharam e ao fim, se desejaram juntos. Ele, como todo bom galanteador, partiu para o segundo passo e perguntou se ela não gostaria de conversar em um lugar mais reservado. É claro que ela queria, já tinha conseguido sua presa, já tinha conseguido seu calor.

 Saíram juntos do local que chegaram separados e caminharam até um carro. Ele não agiu de maneira educada, não naquela noite, e pouco se importou em abrir a porta pra ela. Ela também não ligava, era diferente demais pra se prender a poucas coisas. Em pouco tempo de conversa, marcas de batom já se prendiam ao seu pescoço e fios de cabelo iam caindo ao serem puxados. Estava tudo caminhando de maneira certa para os dois. Conforto era uma palavra que se perdera no meio do caminho, ou melhor dizendo, no meio dos botões da camisa.

Ela perguntou se ele não queria ir a um lugar melhor e ele aceitou a proposta. Dirigiram até o apartamento dela, trocando carícias e olhares tão penetrantes que pareciam rajadas de calor partindo de uma escuridão sem fim. Chegaram e rapidamente subiram dispostos a exporem os desejos que estavam sendo contidos desde os largos sorrisos no bar. Ela o levou a seu quarto e pediu que ele esperasse. Saiu em disparada pro banheiro e ele não entendia o porquê de tanto mistério, mas estava gostando tanto que pouco se importou. Tratou logo de se despir e esperar sua “musa” retornar, e ela retornou, nua, mostrando cada pedacinho da coisa que mais lhe excitava. Não, não estamos falando de partes íntimas e sim de pele. Sim, pele. Aquela pele macia e com cheiro de baunilha o fazia delirar. Era como tocar o Paraíso e ter a sensação de ser tocado pelo mesmo. Sem mais rodeios, ela partiu pra cima e consumiu o resto de energia que ele tinha guardado durante a semana.

Suor, gemidos, baunilha... Ele agradecia por ter saído pra beber. Ela agradecia por não ter ido dormir sozinha. Adormeceram juntos, mas acordaram separados. Ele já partira quando os primeiros raios de Sol tocaram o rosto dela e ela sorriu por dentro, esperançosa. Ao chegar em casa, ele notou algo diferente em seu bolso. Lá estava o que ele não esperava encontrar.

“8734-9084, volte quando quiser. Anna.”

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